Desde sempre, os portugueses partiram: ou para ganhar o sustento noutro lugar, ou para a guerra, ou para embarcarem em navios na aventura da Expansão. Em casa ficavam as mulheres e as crianças.
Ora, na hora da despedida, em certas regiões do norte de Portugal, era “obrigatório” a rapariga apaixonada oferecer um lenço ao namorado. Lenço bordado por ela, com uma quadra da sua autoria. Se bordava com erros ortográficos, isso era pormenor insignificante, o que contava - e conta - são os sentimentos.
Depois dos abraços e beijos de despedida, o rapaz levava algo que lhe faria lembrar a amada distante. Este lenço era como uma carta, mas mais bela e quase indestrutível, bordada em linho fino, no qual - quem sabe! - algumas lágrimas masculinas cairiam nos momentos de maior tristeza. As cores e as quadras desses lenços são das coisas mais bonitas do nosso património artesanal bordado, pela sua autenticidade e ternura.
É principalmente na região do Minho que esses “lenços de namorados” têm a sua mais bela expressão. Alguns são bordados apenas a branco ou a negro, mas os mais comuns têm muitas cores e há desenhos “obrigatórios”.
Nessa linguagem secreta, fique a saber que rosa quer dizer mulher, coração é amor, lírios simbolizam a virgindade, cravos vermelhos são sinónimo de provocação, e os pombinhos significam os namorados como não podia deixar de ser. Isto, só para fazermos uma breve ideia destes sinais de amor, pois há muitos mais.
(adaptado de um texto de
Maria Luísa V. de Paiva Boléo)
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2 comentários:
Gostava de saber mais. Muito interessante. É só no Minho ou também na Madeira se bordam estes temas?
Caro anónimo,
Estes lenços são uma tradição do Minho, não se bordam na Madeira.
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